As transformações de Zeus e suas conquistas amorosas



Zeus e Hera se unem em segredo na ilha de Samos. Zeus fora vítima de sua própria armadilha, pois ela começou repelindo suas investidas. Depois de tentar seduzir Hera por inúmeras vezes, Zeus se metamorfoseia em filhote de pássaro, tremendo de frio. Sensibilizada, Hera pega o animalzinho.

É quando Zeus retorna à sua forma original e tenta abusar dela. Sem se abalar, Hera declara que se entregará a Zeus, desde que ele prometa que se casará com ela. Zeus, pleno de desejo, aceita.



A bela deusa logo o lembra de sua promessa. A Hera não falta sagacidade, embora sua beleza, de que ela cuida muito, seja um pouco austera. Ela é a deusa dos braços brancos, irresistível.

Esse casamento, um pouco forçado, e a beleza de sua esposa não impedirão Zeus de seguir em sua busca amorosa. Mas sempre com um objetivo preciso: ele é o senhor do Universo, e deseja reforçar seus laços com os diversos elementos naturais. A água e os oceanos, por exemplo.

Onde ele teria conhecido Eurínome, a filha mais velha de Oceano? Pouco importa. Ela se rende a seu charme e lhe dá três filhos. São as famosas Graças, que personificam a alegria de viver.



Mais tarde, Zeus passará muitas noites com outra titãnide, a bela Mnemósine, a Memória, que lhe dará nove filhas, as Musas. Elas vão simbolizar as artes, e cada uma delas possui uma especialidade em particular: a eloquência, a História, a poesia, a música, e muitas outras.

As musas dividem seu tempo entre o Olimpo, cantando aos deuses seus trunfos, e o Monte Hélicon, onde supostamente corre uma fonte que inspira os poetas. Entre todas essas divindades, uma detêm uma beleza misteriosa e inigualável. É a deusa da noite e da maternidade, Leto.



Zeus sempre a desejou. E ele quer um filho magnífico, uma criança que seria o deus da luz solar, da música e da poesia. Leto é uma deusa a quem Zeus sempre procura. E ela engravida de gêmeos.

Mas a rainha do Olimpo, exasperada por mais essa desobediência de Zeus, lança em perseguição à infeliz Leto, um monstro saído das profundezas da terra, a serpente Píton. Hera também determina que Leto nunca terá descanso onde o Sol brilha.

Então a infortunada é obrigada a vaguear pela Grécia até que, empedernida pelas primeiras dores, ela chega a uma ilha do mar Egeu, onde é acolhida. Ela terá uma filha, Ártemis, e um filho, Apolo.



Mas Zeus não se apaixona apenas por deusas. As mulheres mortais também atraem o deus dos deuses. E isso é um problema. Primeiro, porque não faz parte das regras que deuses e mortais se misturem. Além disso, simples mortais não podem contemplar um deus em sua aparência divina.

Uma mulher na terra deixa Zeus fortemente apaixonado. É a filha do rei de Tebas, a bela Sêmele. Para obter seus favores, Zeus precisa se disfarçar de príncipe encantado. Assim, a visão dos deuses se torna suportável aos humanos. Sêmele, já grávida, dará á luz a seu filho, Dioniso.



Então, Zeus só pode se unir às mortais recorrendo a fantásticos estratagemas. Seus prazeres se alternam, assim como suas transformações. Quando vê uma bela jovem brincando na praia, Zeus volta a se encher de desejo. É uma princesa, a filha de um rei da costa asiática.

Ela leva seu rebanho para o pastoreio. Então Zeus se transforma em um touro deslumbrante, de pelagem branca, com músculos do pescoço salientes e chifres mais brilhantes que um diamante.

Ele é tão atraente que ela se aproxima para acariciá-lo. Dócil, o touro repousa o focinho sobre ela, depois se deita a seus pés. Apesar dos apelos de seus servos, a princesa salta nas costas do animal, que parte em direção à costa. Ele galopa correndo sobre o mar e leva a bela moça para Creta.



A princesa chama-se Europa. Para agradecer ao animal que permitiu a ele levar a princesa, Zeus lhe dá um lugar entre as estrelas, que hoje é conhecido como a Constelação de Touro.

Perto dali, fica a Ursa Maior. Seu verdadeiro nome é Calisto, que significa "o que há de mais belo". Zeus se apaixona novamente. Ela é uma das servas de Ártemis, a deusa da caça e da virgindade.

Então Calisto fez votos de castidade. Nenhum homem pode se aproximar dela ou de suas colegas, as virgens caçadoras. O último que transgrediu essa regra, um caçador chamado Acteon, sofreu um terrível castigo: Ártemis o transformou em cervo, que seus próprios cachorros devoraram.



Zeus se pergunta como chegar até ela. Do que Calisto nunca desconfiaria? Da deusa que é serva, claro. A própria Ártemis. Então ele surge com a aparência da caçadora diante de sua eleita. Calisto enxerga apenas sua senhora, que a observa com um olhar doce e a acaricia com volúpia.

O corpo de Calisto treme e se entrega. Os meses passam. Calisto, assustada, vê sua barriga crescer. Como seria possível? Grávida de uma mulher? Calisto logo entende que foi enganada por Zeus.



Caso Ártemis percebesse, daria um fim a ela. Aterrorizada, ela busca várias formas de disfarçar a gravidez. Ela se esconde e veste roupas cada vez mais largas. Até o dia em que, banhando-se em um rio, a verdadeira Ártemis descobre a verdade. Calisto traiu sua promessa, e precisava ser castigada.

Diante da fúria de Ártemis, inquieto pelo filho que Calisto carregava, Zeus transforma a jovem em ursa e a esconde na montanha. Mas ele se esquecera dos talentos de Ártemis, a deusa da caça?

Em poucas horas a deusa encontrou Calisto e, sem piedade, atirou-lhe uma flecha no coração. Calisto morre. Então Hermes, o mensageiro dos deuses, enviado por Zeus, corre para salvar seu filho. É um menino, Arcas. Ele se tornará mais tarde o rei de Arcádia.



As conquistas de Zeus foram inúmeras. Entre as deusas, ele buscou as virtudes que lhe faltavam, mas também buscou a beleza para seu prazer, onde quer que ela estivesse, entre deusas e mortais.